Manobras de reexpansão pulmonar
As manobras ou técnicas de reexpansão pulmonar podem ser utilizada de
forma mecânica e/ou de exercícios, e que atua em áreas pulmonares que não estão
expandindo adequadamente. Os volumes e as capacidades pulmonares podem estar
afetados, como pela diminuição da complacência pulmonar, como em doenças
pulmonares e da caixa torácica, em alterações pulmonares decorrentes de
processos cirúrgicos, disfunções neuromusculares e em processos infecciosos ou
traumáticos.
Em situações, de alguma maneira, isoladas ou associadas,
podem levar à ocorrência de hipoventilação pulmonar, atelectasia e ainda
aumentar o trabalho dos músculos ventilatórios. Assim, os exercícios e/ou as
técnicas mecânicas de reexpansão pulmonar têm por finalidade aumentar e/ou
manter o volume pulmonar. É muito importante a sua aplicação adequada, sempre
levando em consideração o tipo de doença, para que o objetivo seja alcançado.
O paciente submetido à cirurgia abdominal superior que, no
período pré operatório, apresenta um maior risco da ocorrência de complicações
pulmonares, como atelectasias, infecções respiratórias e insuficiência
ventilatória por paresia diafragmática. Pode-se descrever as técnicas de
reexpansão pulmonar em exercícios com ou sem auxílio de aparelhos.
Indicação
- Atelectasia
- Hipoxemia PaO2 (< 60mmHg);
- Portadores de dçs neuromusculares
- Lesados medulares
- Profilaxia da Insuficiência Respiratória
- P.O. de cirurgias torácicas e/ou abdominais;
- Prevenção de complicações pulmonares em pacientes acamados
- Adjuvante para remoção de secreção brônquica
Objetivos
- Recuperar volumes e capacidades pulmonares
- Prevenir ou reexpandir áreas colapsadas
- Manter integridade das trocas gasosas
- Prevenir acúmulo de secreções pulmonares
- Mobilizar caixa torácica
- Facilitar a expectoração de secreções pulmonares
- Favorecer a mobilidade diafragmática
- Favorecer a drenagem torácica (em derrames pleurais)
- Pós - operatório
Exercícios com Pressão Negativa
Exercício Diafragmático
- Objetivo de melhorar a ventilação nas bases pulmonares, aumentar a CRF e CI
- Aplica-se uma leve pressão abdominal para conscientização do movimento
Dentre todas as técnicas para
reexpansão pulmonar, o exercício respiratório diafragmático é o mais utilizado.
O diafragma contribui para aproximadamente 70% do volume corrente e 60% da
capacidade vital (CV), sendo portanto, o principal músculo da inspiração. Na
posição ereta, considerando-se uma inspiração máxima partindo do volume
residual até a capacidade pulmonar total, o diafragma tem sua maior
contribuição no volume gerado entre o volume residual (VR) e a capacidade
residual funcional(CRF), devido a melhor relação tensão-comprimento observada
nestes volumes pulmonares.
Entretanto, à medida que a inspiração
aproxima-se da capacidade pulmonar total, sua contribuição em gerar volume é
menor, pois neste volume pulmonar o diafragma encontra-se em desvantagem
mecânica. No decúbito dorsal, devido à compressão do conteúdo abdominal sobre o
diafragma, independente do nível que a inspiração máxima for realizada (VC e
CRF), será gerada uma mesma fração de volume inspirado. Para este exercício, o
paciente realiza uma inspiração profunda e lenta pelo nariz e, em seguida, faz
uma expiração com a utilização da técnica freno labial. Na fase inspiratória,
deve realizar uma contração voluntária do músculo diafragma, fazendo com que
haja uma distensão abdominal. Esse exercício permite uma maior expansão
pulmonar, por aumento da ventilação nas bases, beneficiando aqueles cuja
complacência pulmonar esteja diminuída.
Alguns estudos demonstraram claramente
que a aplicação deste exercício pode aumentar o volume pulmonar e melhorar as
trocas gasosas. Todavia pouco se sabe qual é a posição ideal para se realizar
este exercício, mas um estudo recente demonstrou que se favorece um
deslocamento maior do volume corrente, aplicando este exercício na posição
sentada.
Exercícios Intercostais
- Realizado um estímulo manual localizado
- Regiões basais (uni ou bilateral), apical ou posterior
Inspiração em Tempos
- Aplica-se uma pausa após cada inspiração
- 1T, 2T, 3T
- Aumento da complacência pulmonar e CPT
Este exercício consiste em inspirações
nasais curtas e sucessivas até atingir-se uma alta porcentagem da capacidade
inspiratória, quando, então, inspira-se pela boca até atingir a capacidade
pulmonar total e, sem realizar apnéia pós-inspiratória, executa-se a expiração
pela boca.
Para que este exercício seja mais
efetivo, as narinas devem estar sem alteração de permeabilidade. Apesar de
existirem poucos estudos que comprovem a eficácia deste exercício, Cuello et
al. (1982) demonstraram que é possível expandir zonas pulmonares nasais,
aumentando a CRF e o VRI, promovendo uma maior distensão alveolar. A posição
ideal para realizar este exercício é sentada, na qual um maior volume corrente
é movimentado, como foi demonstrado por Feltrin et al. ( 1999). Entretanto,
este exercício também pode gerar um grande volume corrente quando realizado em
decúbito dorsal, lateral direito e lateral esquerdo.
Inspiração
Máxima Sustentada
- Inspiração lenta até a CPT seguido de uma pausa por alguns segundos
- Recrutamento alveolar
- Melhora da oxigenação e dispnéia
Este
exercício consiste em uma inspiração nasal profunda, lenta e uniforme, seguida
de uma apnéia pós-inspiratória para, logo após realizar-se a expiração pela
boca, sem que esta atinja o VR. O motivo da
apnéia pós- inspiratória é para que se possa obter uma melhor distribuição do
ar inpirado, a fim de melhorar trocas gasosas. Esta técnica exige um esforço
grande dos pacientes, por isso ela deve ser utilizada somente naqueles que
possam suportá-la.
Exercícios com Lábios Franzidos
- Realiza-se uma leve pressão positiva durante a fase expiratória
- Evitar o colapso precoce da via aérea e diminui a FR
- Utilizado principalmente em pacientes obstrutivos
Esse exercício tem como objetivo aumentar o VC e diminuir a
freqüência respiratória, melhorando a oxigenação por manutenção de pressão
positiva nas vias aéreas. Paciente realiza inspiração nasal lenta e expiração contra a
resistência dos lábios franzidos. Tempo expiratório pode ser longo ou curto.
EDIC - exercícios de fluxo inspiratório
controlado
- Direcionamento do fluxo inspiratório até a CPT associado ao alongamento do peitoral e todo gradil costal
- Pode associar ao Espirômetro de incentivo
Exercícios de compressão e
descompressão
- Objetivo de aumentar a negativação da área específica, direcionando e aumentando o fluxo e volume de ar
- Expiração prolongada
- Compressão torácica
- Descompressão brusca no início da fase inspiratória
Este exercício favorece tanto a reexpansão pulmonar quanto a
desobstrução das vias aéreas e a expectoração. Terapeuta coloca a mão na base inferior das últimas costelas
do paciente. Enquanto o paciente expira o fisioterapeuta faz uma compressão
torácica para dentro e para baixo, e posteriormente uma descompressão súbita
quando o paciente inicia a inspiração. Isto gera uma elevação no fluxo da
expiração e uma variação súbita de fluxo durante a inspiração.
Manobra de bloqueio torácico
Atingir regiões pulmonares comprometidas pela
deficiência ventilatória. Este exercício consiste na aplicação de uma força
através das mãos do fisioterapeuta no final da expiração, em um dos hemitórax
do paciente, fazendo com que o volume de ar colocado nas vias aéreas do
paciente ocupe principalmente o hemitórax contralateral ao bloqueio, permitindo
assim maior expansão deste. Está indicado para quadros de atelectasias
encontradas no pulmão não bloqueado, durante a ventilação mecânica